Glossário

Toda comunicação científica precisa estabelecer bem os conceitos a que se refere, ou seja, defini-los com clareza para evitar interpretações equivocadas ao mesmo tempo em que faça um uso adequado dos termos que fazem a associação entre o conceito e a sua definição. Entretanto, é comum encontrarmos obras científicas em que o mesmo termo é usado para se referir a conceitos que tenham significados diferentes entre os pesquisadores.

Na ciência tradicional, cada termo significativo se refere a uma associação unívoca entre um conceito e uma definição, de maneira que estes conceitos devem ser completos e precisos. Enquanto que na ciência moderna, o mesmo termo pode referir-se a múltiplas definições parciais e incompletas de um mesmo conceito, evoluindo a medida em que a ciência avança.

Pela lógica, se um termo é usado para se referira conceitos com significados diferentes, então este termo está sendo utilizado indevidamente para se referir a conceitos desiguais – uma contradição lógica – ou o termo está sendo utilizado para se referir a aspectos distintos de um mesmo conceito complexo. Como a lógica não admite contradições, a única possibilidade racional para o fato de encontrarmos termos com significados variados nas obras científicas é a de que este mesmo termo está se referindo apenas a aspectos diferentes do mesmo conceito. Neste caso, ou um novo termo deve ser criado para referir-se a cada um destes aspectos do mesmo conceito – que implicaria na criação de novos conceitos e isto é inadmissível, pois se o conceito possui um significado único, então ele não pode ter outro significado senão aquele que lhe foi atribuído e, portanto, não é capaz de abrigar conceitos desiguais e contraditórios- ou se admite que os aspectos que fazem parte do conceito são, na realidade, contradições inerentes ao conceito – que também é uma impossibilidade lógica. Deste modo, a lógica é incapaz de resolver o problema do uso inadequado dos termos e da imprecisão na definição dos conceitos. Este só pode ser resolvido, então, de maneira dialética.

Assim sendo, apresentamos o presente glossário dos principais vocábulos relacionados ao tema deste site para que o leitor possa nos compreender melhor, lembrando sempre que estas definições não são científicas, porém elas são produto de reflexões minuciosas e mostram tanto a necessidade da ciência definir precisamente os conceitos quanto a importância de usar adequadamente os termos.

  • Ciência – é a atividade humana dedicada à produção de conhecimentos de forma sistemática e metódica.
  • Comunicação – é o processo dinâmico, imprevisível e de caráter adaptativo que se estabelece a partir de uma relação entre agentes vivos através do qual eles selecionam (consciente ou inconscientemente) certas capacidades dentro da sua hierarquia de repertório individual, buscando ajustar o seu comportamento ou o seu modo de utilizar os artefatos em função das informações obtidas de modo direito ou indireto sobre si mesmo ou sobre o mundo no sentido de cooperar na resolução de um problema qualquer que pode ou não ter sido explicitamente declarado desde o início do processo.
  • Corpo (Organismo) – sistema organizado de células, tecidos e órgãos que atuam no sentido de manter o equilíbrio e a vida.
  • Crença (Conhecimento) – é uma relação causal ou finalística que é atribuída pelo pensamento para justificar ou explicar as experiências que um organismo vivencia. As crenças – ou conhecimentos – servem para organizar a representação subjetiva da realidade, estruturando as capacidades individuais e dando sentido aos comportamentos. Por serem produtos do pensamento, as crenças são influenciadas tanto pelas sensações quanto pelas emoções em diferentes graus, podendo ser agrupados em uma variedade de categorias, mas, em geral, admite-se apenas 4 tipos que são classificados quanto ao modo de obtenção e às suas caraterísticas em: popular (ou senso comum), místico (ou religioso), filosófico e científico.
  • Experiência – é a vivência de situações que deixam impressões mais ou menos duradouras no organismo. Impressões estas que acontecem em dois níveis – das sensações e das emoções – e que geram as representações mentais da realidade, ou seja, formam a realidade subjetiva ou percebida do indivíduo. Além disto, a experiência propiciar os estímulos necessários para o desenvolvimento e a adaptação do organismo.
  • Mente – é a capacidade que o organismo possui de organizar as suas experiências em esquemas mentais, de processar as suas experiências organizadas e de adaptar os esquemas mentais e o comportamento do organismo a estas experiências.
  • Pensamento – é a função ou capacidade mental de processar informações, ou seja, de estabelecer algum tipo de conexão entre as representações mentais (conceitos) dos objetos ou dos fenômenos em busca de uma relação causal que explique ou uma relação finalística que justifique a conexão. Os pensamentos atuam sobre as representações mentais que são construídas a partir das sensações – que envolvem as funções mentais da percepção e da intuição – e das emoções – que envolvem as atitudes mentais de identificação e de discriminação ou abstração. O pensamento é, então, influenciado por uma combinação variada de percepções e intuições obtidas pelo contato direto através dos sentidos ou pelo contato indireto por meio da inspiração, bem como de uma atitude de identificação ou de abstração com os objetos ou fenômenos ocorridos. Mesmo assim, é possível encontrar classificações do pensamento em categorias como: concreto (associações que são fruto da sensação e da experimentação), místico (associações que são fruto da intuição e da inspiração), reflexivo (associações que são fruto da identificação com o objeto e da empatia com o outro) e racional (associações que são fruto da abstração do objeto e do distanciamento do outro).